Devido a crise na Venezuela, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (01) que o preço do petróleo no mundo pode subir.
“Com essa ação, com embargos, o preço do petróleo a princípio sobe. Temos que nos preparar, dada a política da Petrobras, de não intervencionismo nesta parte. Mas poderemos ter um problema sério dentro do Brasil como efeito colateral do que acontece lá. A política de reajuste adotada no momento é essa, e vamos conversar sobre eventuais problemas que venham a afetar de forma grave o Brasil”, afirmou o presidente.
Segundo Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), como a crise na Venezuela já acontece por quatro anos, seus efeitos sobre os preços do barril de petróleo já foram absorvidos. Além disso, a produção do país vizinho já foi três vezes maior que a atual, diz o especialista. De acordo com um anuário de estatísticas do setor, produzido pela petroleira BP, apesar da Venezuela deter 18% das reservas mundiais de petróleo – é a maior – em 2017 era responsável por apenas 2,3% da produção mundial. “Se a crise piorar vai ter impacto? Pode ter, mas não será tão forte assim porque já vem sendo precificado. O presidente (Jair Bolsonaro) não está errado, mas exagerou”, disse Pires.
Nesta terça-feira, dia em que se havia expectativa sobre a saída de Nicolás Maduro do poder, o petróleo Brent estava sendo negociado perto de US$ 73 o barril, abaixo da máxima em seis meses (US$ 75), atingida na semana passada devido a cortes sauditas e pela queda na produção da Venezuela e do Irã, que enfrentam sanções dos EUA que limitam suas exportações. Na terça-feira, o barril do Brent fechou a 72,06, com alta de 0,52%. Nesta quarta-feira, segundo a Bloomberg, estava cotado a um valor ainda mais baixo às 14h50m: US$ 71,79.
Uma possível saída de Nicolás Maduro do poder poderia render frutos no mercado. Esse fato elevaria as perspectivas de uma volta dos investimentos privados na Venezuela e, como o mercado de petróleo vive de expectativas, isso poderia fazer os preços do barril cair, explica o sócio-fundador do CBIE.
Em meados de abril, Bolsonaro interferiu na política de reajuste do preço do diesel da Petrobras, e a empresa acabou suspendendo o aumento do combustível. Um dia depois de o presidente Bolsonaro ter se reunido com o comando da Petrobras para discutir sua política de preços de combustíveis, a estatal acabou anunciando o reajuste de R$ 0,10 no valor do diesel nas refinarias. O aumento médio de 4,84% é menor, porém, que o reajuste de 5,7% anunciado anteriormente e suspenso depois do pedido do Planalto.
Outro fato que prejudica o Brasil segundo o presidente é a interrupção do fornecimento de energia da Venezuela para Roraima. O estado é abastecido pela usina de Guri, no país vizinho, mas agora está usando termelétricas, em um alto custo para o Brasil.
“Ao não fazer manutenção da rede de transmissão, não recebemos mais energia elétrica de Guri, da Venezuela. A situação é emergencial, não podemos continuar de forma eterna com a energia de óleo diesel porque a gente paga cerca de R$ 1 bilhão pela energia de Roraima”.
O presidente Jair Bolsonaro se reuniu na manhã desta quarta-feira com ministros e comandantes das Forças Armadas na sede do Ministério da Defesa, com o intuito de tratar do aprofundamento da crise na Venezuela, no dia seguinte à operação da oposição para derrubar Nicolás Maduro.